Ambos estamos com 52 anos agora, mas nos conhecemos desde os dezessete anos. No princípio éramos apenas dois rapazes bonitos, eu moreno e ele loiro de olhos azuis e pele clara, de um sorriso tímido, parecendo pedir permissão para fazê-lo, ancorado por duas simétricas covas que se formavam harmoniosamente nas bochechas, e que faziam as garotas do colégio delirar. Mas naquela época, no segundo ano do segundo grau nós nem imaginávamos que nossas vidas estariam tão entrelaçadas no futuro. Era apenas uma amizade que nasceu simplesmente, quando ele chegou uma semana após o início das aulas, transferido do interior do Paraná e sentou-se na carteira ao meu lado. As meninas todas suspiraram ao vê-lo, pois ele deslocava o ar com o seu jeito tímido, mas elegante de andar. Confesso que senti inveja, pois eu me julgava bonito e tinha um belo físico para a minha idade.
Não tardou para nos tornarmos bons amigos, pois descobrimos que fazíamos aniversário no mesmo mês de agosto, com apenas alguns dias de diferença. Dois belos e famintos leoninos. Passamos a sair juntos e “ficarmos” com as meninas. Eu, apesar de não ter carteira de motorista ainda, pegava o carro do meu pai sem problemas devido a minha estatura a qual me fazia parecer “di maior”. A noite de sexta em diante era nossa, saíamos como dois predadores em busca das nossas presas, e de preferência, duas amiguinhas para que não ficássemos separados. Eu sou filho único e meus pais já me tiveram tarde, então eu deitava e rolava, apesar de levar os estudos à sério. Adorava surfar e era uma religião descer de Curitiba para o litoral paranaense todos os sábados e voltar domingo à noite. Meus pais tinham um apartamento na praia que quase não usavam, e ele era só meu, então. Foi aí que o meu amigo quiz que o ensinasse a surfar e passamos a fazer juntos as viagens para o litoral. Meu pai sempre se preocupado, caso os guardas me pegassem sem carteira de motorista, mas eu sempre levei isso com cuidado e nunca abusei para não chamar a atenção e perder a regalia.
As vezes levávamos nossas garotas, ou arrumávamos por lá mesmo e geralmente rolava uma boa transa, o meu amigo num quarto e eu em outro, e às vezes nos cruzávamos no corredor correndo de pau duro para mijar entre umas cervejas e sexo. Tudo normal até aí, não nos atínhamos para os nossos belos corpos… isso era para as meninas acharem. Trocávamos roupas um na frente do outro e até ele tomava banho enquanto eu espremia as espinhas que explodiam até o espelho… tudo normal também, tipo; “_ Anda seu bosta, sái daí que eu quero tomar banho”, e de lá, “_ Vai tomar no cú, meu pau é grande e demora p/ ser lavado”, e soavam boas gargalhadas… depois vinham os comentários sobre as trepadas, sobre aquela menina que mexia bem, sobre a outra que engoliu toda a porra, sobre a outra que deu o cú também, depois sobre aquela onda que pegamos juntos, sobre aquele tombo vergonhoso. Ele aprendeu a surfar rapidamente e tinha um censo de equilíbrio fantástico.
Aquele ano se passou feliz e no seguinte, fomos para o mesmo cursinho, o terceirão como chamavam em Curitiba, onde já se fazia o 3º ano com preparação para o vestibular, pois também havíamos decidido fazer o vestibular para o mesmo curso. Éramos inseparáveis, uma bela amizade. Também completamos dezoito anos e tiramos juntos a carteira de motora! Meu pai me dera um carro, usado, mas muito bom. Estávamos livres! Então vamos surfar lá na Praia da Joaquina, em Floripa, nesse final de semana? ôba! Vamos!! E descemos entorpecidos por essa terna liberdade, em busca da maior aventura que o destino preparou para nós, não contente em ver dois rapazes felizes embalados por uma sincera amizade. Descemos cantando todas as músicas das fitas cassetes que levávamos. Chegando lá, ficamos num modesto hotel e surfamos um monte, e à noite saíamos para caçar as “minas” ou “gúrias”, na gíria da época. Foi assim que conhecemos duas holandesas malucas que estavam perambulando pelo mundo e a meta era chegar na amazônia. Ambas eram bonitas e tinham 22 e 23 anos. Bebemos bastante naquela noite e experimentamos uns cigarrinhos diferentes que elas tinham. Não demorou para estarmos os quatro pelados no quarto do hotel, com os colchões espalhados no chão para abafar o barulho. Trepamos feitos loucos e trocávamos de parceira a todo momento, e quando cansávamos, elas se chupavam desavergonhadamente na nossa frente, nos deixando loucos, e teve até dupla penetração numa delas, onde meu saco chegava a enconstar no do meu amigo.
Aí o “capeta” entrou na história. As doidas das holandezas eram extremamente liberais e taradas, e todos estávamos bêbados e excitados. No entrelaçamento dos nossos corpos suados, elas me puxaram pelos cabelos e me jogaram para cima do meu amigo fazendo-me beijá-lo na boca e cairam por cima, rindo, se esbaldando, se descabelando de tesão. Eu ofegante, ele com um brilho intenso nos olhos, me fitando que chegava a queimar. As danadas nos instigaram novamente juntando nossas cabeças, agarrando forte pelos cabelos e ordenando que nos beijássemos. Aí o mundo desabou para nós dois. O nosso destino selou-se alí, e não há um ano atrás. O clima ajudou, a bebida conspirou, o cheiro de sexo dentro do quarto era muito forte. Eu fiquei olhando para ele e ele me devorando com aqueles lindos olhos, eu tremia, ele suava, e as duas holandesas beijando extasiadas as nossas costas, nos empurrando mais ainda um para o outro. Não tinha como escapar, o juizo e raciocínio se deram as mãos e fugiram, e a corrente elétrica atravessou nossos corpos firmes quando nos beijamos p/ valer em meio aos gritinhos de euforia daquelas diabinhas que surgiram enviadas pela marotice do destino. Foi como ligar um botão que jamais seria ligado em outra situação. Teve momentos que nem sabíamos mais quem estava chupando quem, só sei que eu e ele caímos de boca nas bucetas e nos paus de um e do outro. Elas queriam que nós nos penetrássemos, e assim o fizemos. Estávamos entregues por essa experiência absurda para os nossos padrões de sexualidade. Enquanto ele me enfiava o pau, uma chupava o meu e a outra lambia as bolas dele e depois trocava todo mundo de posição. Acariciei a sua bela e branca bunda, a beijei antes de entrar com o meu pau já dolorido de tesão, naquele cú quase sem pêlos, e gozávamos muito. Numa dessas experimentei o seu leite quando ele gozou na minha boca, como um rei, urrando de prazer enquanto as holandezas lhe beijavam por todo corpo. Eu engolí tudo e ele se emocionou, beijando-me e chorando, ardentemente na boca, entre palavras soltas tipo: “_ Cara!…Ô Cara!!…” . Fomos adormecer quando o sol despertou.
Quando acordamos, por volta de meio-dia, famintos e com muito calor, percebemos que as loucas tinham ido embora. Levamos um susto e corremos para as nossas mochilas para ver se não haviam levado nada. Estava tudo em ordem, elas só tinham levado embora aquela maravilhosa amizade e deixado conosco apenas os conflitos do recém-nascido amor mais complicado do mundo. Fui escovar os dentes e quando voltei ele estava chorando. Não falei nada, apenas o puxei para que lavantasse do colchão e o conduzí com delicadeza para o chuveiro. Estávamos sem roupa. Liguei o chuveiro e o coloquei embaixo, ensaboando todas as partes do seu corpo, seu pau, suas costas, sua bunda que tinha até uma marca de mordida sabe-se lá de quem. Passei xampú nos seus cabelos e ele já tinha se acalmado. O enxuguei delicadamente e subitamente ele prensou o meu rosto fortemente em suas mãos implorando que depois daquilo, eu não o abandonasse, que não deixasse de ser seu amigo… Eu respondí com um beijo macio nos lábios e ele arfou como se fosse morrer, sentí o seu corpo despencar nos meus braços, se entregando a mim absolutamente. A fome sumiu e o desejo nos abasteceu novamente, revitalizando todas as nossas energias consumidas na noite anterior. Queríamos experimentar mais uma vez, agora sem o efeito do alcool e dos malditos cigarrinhos. Erámos só nós dois e nossos belos cacetes em riste e uma alegria anestesiante. Eu esfregava o meu pau naquela pele macia e nossas línguas se encontravam na boca depois de um longo passeio pelas montanhas, cavernas e vales dos nossos corpos. A minha gozada em sua boca foi ardida. Fingí prazer, mas era dor de tanto gozar à noite. Ele engoliu e eu lhe retribui com um longo beijo, sorvendo os meus restos grudados em seus lábios macios e vermelhos.
A nossa volta para Curitiba foi longa e silenciosa. Não tinha música e nem o barulho do motor do carro era ouvido. Estávamos entorpecidos. Não dava para falar, planejar, pensar. Eu só via a estrada à frente e ele fingia dormir. Eu chorei silenciosamente, amaldiçoando aquelas violadoras de corpos vindo de um país distante. Eu queria apagar tudo aquilo, pois sabia que nada mais seria como antes. Nunca havia sentido atração por corpos masculino e havia beijado, de homem, somente meu pai, e no rosto. Ao mesmo tempo, um capetinha dava risada na minha mente, se deliciando, adorando e perguntando se eu havia gostado. É claro que sim! maldito! Eu havia adorado cada momento e sabia que estava perdidamente apaixonado por aquele loirinho lindo ao meu lado, com os seu cachos soltos ao sabor do vento que entrava pelo carro. Era um chôro contido em desacordo com um leve sorriso no canto da boca ao vê-lo largado, embalado agora, acreditei, por um sono de criança. Eu estava sentindo um carinho enexplicável por ele. Seu perfume natural havia entrado em minhas narinas, o que eu não sentira nem quando ele se perfumava na minha frente para sairmos. Não sentí nada nem quando lhe passei uma pomada nas costas depois de uma saída errada da prancha, que ele deu quando aprendia a surfar se machucando e quase quebrando uma costela. Nunca havia percebido que suas pernas eram bonitas, que seu tórax era bem definido com um forte peitoral, que ele tinha um belo volume na sunga, que tinha um grande e bem torneado cacete, umas bolas lisinhas e robustas, que tinha uma bela bunda, que seus dentes eram muito brancos e que a sua voz era encantadora.
O deixei em casa e ele se despediu sem graça, acanhado, gaguejando e eu lhe falei apenas que não disesse nada, que dormisse bem, não pensasse em nada e depois conversaríamos. Na verdade eu estava pior, só me controlei para lhe passar segurança, mas ao virar a esquina, parei o carro e desabei num chôro incontrolável, quase que gritando, como se fosse morrer. Eu não sabia o que fazer, só sabia que não queria nunca mais ficar longe dele, e não queria tê-lo deixado alí, o queria comigo para continuarmos nos beijando, chupando vigorosamente os nossos paus, lambendo os nossos cús deliciosos, mordiscando os nossos corpos, atropelando os nossos limites e gozando um dentro do outro. Eu soluçava de pau duro. Meu pau chorava comigo e tive que bater uma longa punheta alí mesmo, na escuridão da rua e protegido dentro do meu carro. No dia seguinte fui ao cursinho e o lugar ao meu lado ficou vazio a semana inteira. Ele não apareceu. Na sexta-feira fui à sua casa e a mãe dele me recebeu apreensiva, perguntando se nós havíamos brigado, pois o seu filho estava calado, diferente, e não quiz ir ao cursinho, preferindo passar a semana no interior, na casa de parentes. Eu a tranquilizei e mentí, foi apenas um fora de uma garota que ele estava gostando.
Tem continuação – amanhã – aguardem….