Camisinha que deve ser usada durante todo o ato sexual, e não apenas quando o momento da ejaculação está próximo, como alguns ainda insistem em fazer. O motivo, alertam os especialistas, é que o simples contato das secreções com a pele pode transmitir doenças, como a sífilis, a gonorréia, uma hepatite B ou herpes.
HPV: Um vilão a ser temido
Aliás, esse hábito de fazer contato sexual sem preservativo é considerado uma das principais causas da proliferação do vírus HPV, que atinge homens e mulheres (nessas, associado ao desenvolvimento de câncer no colo uterino) e cuja doença se manifesta através do surgimento de lesões verrugosas (os chamados condilomas), quer seja na margem do ânus ou no pênis.
O vírus é um verdadeiro tormento para quem o contrai: pelo fato de ter uma alta taxa de reincidência (em torno de 50%) e porque, mesmo sendo extirpado, pode-se contraí-lo novamente através de um novo contato sexual.
Além disso, o HPV, infelizmente, também pode ser transmitido mesmo que se use camisinha durante todo o ato. “O vírus pode instalar-se na mucosa (reto, glande, uretra, boca), mas também na pele, como na base do pênis ou na pele da região anal. E transmite-se das duas formas: pelo contato mucosa/mucosa (contato do pênis com o ânus) e também pelo contato pele/pele. A camisinha impede o contato entre as mucosas, mas não impede o contato das regiões da pele. Portanto a camisinha ajuda (e muito) a não-transmissão do HPV, mas não a evita completamente”, relata Ricardo Tapajós, médico infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Para se livrar das verrugas, faz-se cirurgia de cauterização, através de bisturi elétrico ou laser de dióxido de carbono, por exemplo, ou através da cirurgia de corte. E, para restabelecer completamente a região (e você voltar à ativa), será preciso passar por um pós-operatório que requer pomadas, antiinflamatórios, antibióticos e esperar um período entre 60 e 90 dias para cicatrização e cura.
E ficar sempre atento, porque devido às lesões subclínicas que o HPV provoca, que não são manifestadas no momento do exame, pode-se operar e as verrugas aparecerem de novo. E de novo…
Vacina? Só para a nova geração
A grande novidade no combate ao vírus HPV é o desenvolvimento de vacinas, sendo que duas versões delas têm previsão de chegar ao Brasil no segundo semestre desse ano. Pesquisas realizadas nos últimos anos apontam que elas são eficazes contra os quatro tipos de HPV mais danosos (há dezenas de tipos do vírus) e evitam cerca de 70% dos casos de câncer de colo de útero e de 90% dos de verrugas genitais.
Ambas as vacinas, entretanto, são destinadas somente às mulheres. A realização de testes com homens começou no ano passado e está em fase inicial. A expectativa é de que, caso os resultados também sejam satisfatórios, o lançamento da vacina masculina aconteça em cerca de quatro anos. Ou seja, só para a próxima geração, já que elas devem ser utilizadas antes do início da atividade sexual.
Acha que são hemorróidas? Não passe pomada!
Por ser considerada a doença retal mais comum do mundo, acaba contribuindo, em muitos casos, para “mascarar” outros males que afetam a região. Uma grande parcela da população, sobretudo os mais idosos, credita qualquer dor e sangramento na região às hemorróidas. E corre-se às farmácias em busca da pomadinha que o amigo indicou…
Médicos existem para ser consultados sobre anomalias no corpo e, obviamente, dor e principalmente sangramento se configuram como tal. E, caso sejam de fato hemorróidas, a profilaxia deve ser feita por um especialista. É necessário averiguar se se tratam de hemorróidas externas ou internas e o grau de complexidade. Nos estágios iniciais, recomenda-se normalmente mudança de hábitos alimentares e higiênicos (é melhor evitar papel higiênico) e, durante as crises, banhos de assento, medicamentos para melhorar a circulação local e pomadas. Mas, veja, medicamentos (que podem ser via oral ou supositórios) e pomadas específicos para as suas hemorróidas, que não são iguais às do vizinho, do amigo… Procure seu médico.
Cirurgia só quando a doença vem acompanhada de sintomas (como sangramento constante) ou cresceu acima de determinado limite. “A indicação de cirurgia é feita para hemorróidas sintomáticas e que estão presentes e prolapsadas para fora do ânus, formando verdadeiras proeminências”, explica o proctologista Paulo Branco, que prefere usar tratamento cirúrgico com laser, por achar que apresenta melhores resultados em relação à dor e à cicatrização pós-operatória que a técnica convencional.
Há outros métodos, como a crioterapia (congelamento por nitrogênio líquido), ligadura com anel elástico (técnica que estrangula as hemorróidas) e o grampeamento: a utilização de um ou de outro depende do grau das hemorróidas e da preferência e experiência do médico com o procedimento. De maneira geral, entretanto, a cirurgia é simples, com utilização de anestesia raque e peridural. E o pós-operatório é semelhante ao da cirurgia de remoção das verrugas provocadas pelo HPV.
Até onde o esfíncter aguenta?
O esfíncter anal é um músculo que tem o poder de relaxar e contrair, e o segredo, pode-se dizer, está na exercitação dessa musculatura. Mas, claro, se você tentar uma dilatação com algo de um tamanho e espessura além do poder que as fibras ali localizadas têm de se alongar, o resultado pode ser bem desagradável: as fibras podem se romper e a musculatura pode ter laceração, ocasionando, por exemplo, hematomas, incontinência anal e fissuras.
Nesse sentido, os adeptos de fist fucking (introdução da mão ou parte do braço no ânus) e seus correlatos, assim como os que sentem prazer com objetos tamanho GG, devem tomar cuidado redobrado. “As conseqüências de objetos de grandes dimensões no ânus têm relação direta com o tamanho e a freqüência de seu uso. Uma delas é a incontinência anal, que é a perda involuntária de gases, secreções e resíduos decorrentes do esgarçamento dos músculos anais de forma permanente pelo objeto”, afirma Paulo Branco, que faz questão de ressaltar que o resultado do tratamento está diretamente relacionado a uma boa relação médico-paciente. “Isso porque esses pacientes apresentam tendência a adquirir objeto de calibre cada vez mais progressivo, piorando o grau de incontinência anal”, explica.
Segundo o especialista, outra possível conseqüência é o surgimento de fissuras (doença provocada, na maioria dos casos, por constipação crônica), que são ferimentos dispostos de forma radiada em volta do ânus, resultantes do estriamento excessivo da pele (pregas) em volta da abertura anal. Os sintomas são fortes dores na hora de evacuar e, também, claro, durante a relação anal.
Há ainda o natural risco de empalamento, que acontece quando o canal anal e o reto são obstruídos por um corpo estranho de grande tamanho e/ou dimensões, como cabo de vassoura, garrafa ou lâmpada. Nesse caso, não tem jeito, óbvio: é necessário correr para o pronto-socorro.
Já o tratamento das fissuras depende da extensão e profundidade. Podem ser tratadas clinicamente, com antibiótico, antiinflamatório, pomadas e banhos de assento, mas, se não tiverem uma boa evolução, é preciso se submeter a uma cirurgia específica.
E a recomendação genérica para quem tem fissura é abstinência sexual até uma cicatrização adequada e, ao voltar à ativa, sempre usar um bom lubrificante durante o ato para evitar que ela (re)abra.
Herpes é comum na região anal
Ao contrário do que se pensa, existe sim uma possibilidade de transmitir o herpes labial para os genitais, embora seja raro. “O vírus Herpes simplex 1 causa herpes oral, e seu ‘primo’, o vírus Herpes simplex 2, causa o herpes genital. E, sim, eles podem ‘cruzar’ e a infecção genital ser causada pelo 1 e a oral pelo 2. Mas eles têm preferências claras: o 1 gosta da boca e o 2 gosta da região genital. São vírus diferentes, mas aparentados”, explica Ricardo Tapajós.
E também é mais comum do que se imagina o herpes aparecer na região anal, infelizmente. Se for externo, manifesta-se como vesículas agrupadas e dolorosas; se for interno, como uma proctite (inflamação do reto), também dolorosa.
Como tratar? Basicamente, com o mesmo procedimento usado para o herpes labial: evitar os fatores que podem desencadear os surtos (sol, gripe, estresse etc). Quando o surto genital tem alta freqüência, pode-se fazer um tratamento supressivo, usando remédio por um período de quatro a seis meses, para ‘enfraquecer’, ou seja, para evitar a recorrência. Mas nem sempre é indicado”, complementa o infectologista Ricardo Tapajós.
Chuveirinho, não
A utilização da ducha (ou chuveirinho) antes da relação sexual (para evitar soltar detritos no pênis do parceiro no momento do ato) não é aconselhável, segundo alguns especialistas. O ato, conhecido entre os seus praticantes como “chuca” e que consiste em encher o canal retal de água e depois a expelir, pode causar microlesões na região. “A água da torneira machuca a mucosa anal e acaba aumentando o risco de passar e pegar infecções, como o HIV”, explica Ricardo Tapajós.
Em princípio, o mais natural seria não fazer nada e ambos os parceiros encararem como normais as possíveis conseqüências. Se, entretanto, essa hipótese estiver “fora de cogitação” em seu caso, uma opção alternativa menos prejudicial seria utilizar produtos específicos encontrados em drogarias para fazer lavagem intestinal. “As lavagens intestinais (enemas), quando indicadas, devem ser feitas, sim, com produtos especiais, que são soros balanceados. Machucam também a mucosa, mas machucam menos. O ideal, porém, é não fazer: o ânus não foi feito para ser lavado, e ao fazê-lo, você retira o muco protetor e machuca camadas de células da região”, complementa Tapajós.
Fonte: G Online