Com tantas novidades na medicina, os problemas ligados à ereção parecem estar solucionados. Ledo engano, meus caros. O ponto de partida da ereção é o cérebro. Então, para começar, é bom não levar pra cama os problemas que afligem o seu dia-a-dia. Relaxe! E falhas, quando não regulares, são normais. “Como em um carro, a chave pra dar partida para a ereção é o cérebro. Por isso, para ter uma ereção boa, o estímulo cerebral deve ser adequado. Se você está estressado, você já vai ter um problema na partida…”, esclarece o Dr. Paulo Egydio, urologista. Assim como o coração bate independentemente da nossa vontade, a ereção é conseqüência de um processo reflexo e involuntário que só acontece mediante estímulo sexual. “Se você tentar voluntariamente desencadear uma ereção, possivelmente não vai ter sucesso, ou vai ter uma ereção parcial, pois ela é um ato reflexo”, ensina o médico.
Mas como funciona organicamente o mecanismo da ereção? “Ao receber um estímulo sexual, o cérebro masculino envia impulsos nervosos ao pênis através da medula espinhal e dos nervos periféricos, que provocam o relaxamento dos músculos ao redor dos vasos sangüíneos do pênis. Isso permite o aumento do fluxo sangüíneo pelas artérias penianas, que vão enchendo os corpos cavernosos até a obtenção da rigidez total”, explica o urologista Dr. Fernando Martins.
Disfunção Erétil
“Além do estresse, a depressão é outro fator psicológico que compromete a vida sexual, bem como certas doenças que limitam a qualidade de vida”, diz o Dr. Moacir Costa, médico psicoterapeuta. O Dr. Fernando Martins complementa: “A disfunção erétil é um problema comum a muitos homens e está ligada a fatores orgânicos e psicológicos. Se o homem tiver alguma doença, como pressão alta, aumento do colesterol, diabetes e aterosclerose (endurecimento das artérias), as chances de ele apresentar disfunção erétil aumentam significativamente”.
A obesidade, o sedentarismo e até mesmo a nicotina podem criar uma condição inadequada para o funcionamento dos vasos, adulterando o sangue e comprometendo o relaxamento da musculatura do pênis. “Se você põe no carro uma gasolina adulterada, o carro não vai funcionar direito, vai falhar, engasgar. E é exatamente a mesma coisa com a ereção quando o sangue está adulterado”, compara o Dr. Paulo Egydio. “Existem ainda os problemas de condução neural, causados por doenças neurológicas – como a esclerose múltipla –, o AVC (acidente vascular cerebral), os traumatismos medulares e os problemas decorrentes de cirurgias pélvicas”, completa o urologista. “O que acontece é que o estímulo cerebral não completa o caminho até o pênis. A pessoa tem vontade de fazer sexo, mas não fica ereto”, explica.
Outro fator que deve ser avaliado em caso de problemas de ereção é o hormonal, que pode ser tratado através da reposição. “A reposição hormonal deve ser feita com exames periódicos da próstata, pois o tumor de próstata é hormônio-dependente”, diz o Dr. Paulo Egydio. “A reposição não faz aparecer o tumor, mas se ele já existe, pode se desenvolver”, esclarece. Então, se você vai se submeter a uma reposição hormonal, faça com regularidade o conhecido exame de toque, pois o câncer de próstata “se alimenta” de hormônio.
Avanços da Ciência
As possibilidades de tratamento caminham juntas com as descobertas de causas e doenças relativas à disfunção erétil. “Uma vez que a causa da disfunção erétil seja identificada pelo médico, a maior parte dos homens com esse problema pode ser tratada com o uso de medicamentos orais ou, eventualmente, com tratamento psicoterápico, quando indicado”, explica o Dr. Fernando Martins. “Quando o tratamento clínico, ou seja, medicamentoso, não obtém sucesso, existe ainda a possibilidade do uso de injeções intrapenianas de medicamentos especiais, que causam uma ereção artificial durante o tempo de ação do medicamento. É importante dizer que estes medicamentos injetáveis são totalmente diferentes dos medicamentos de uso oral, e só podem ser utilizados com orientação e supervisão médica”, complementa.
Assim deveria ser também com os conhecidos Viagra, Levitra e Cialis, que são usados indiscriminadamente — às vezes, só por curiosidade. Para quem não conhece o funcionamento deles, o Dr. Fernando Martins explica a diferença: “Existem dois tipos de medicamentos: os de curta ação – Viagra e Levitra –, que agem em geral a partir de 30 a 60 minutos de sua ingestão, por cerca de até 4 horas, e o Cialis, lançado mais recentemente, que tem ação por até 36 horas. Mas lembre-se: esses medicamentos só agem quando há estímulo sexual e só devem ser tomados com prescrição médica, pois as contra-indicações não são poucas. Por isso, fique esperto! “Pessoas que fazem uso de medicamentos para o coração à base de nitratos podem até enfartar”, alerta o Dr. Paulo Egydio. “Para os soropositivos, esses medicamentos aumentam a concentração dos inibidores da protease. Portanto, quem faz uso do coquetel precisa ter uma monitorização específica”, esclarece.
Os Cuidados
E como saber a hora de procurar um médico? Claro que se as falhas forem constantes a ponto de incomodar, ou se você sentir dores na hora da ereção, não fique esperando, corra a um especialista e faça uma avaliação. O Dr. Paulo esclarece: “É preciso procurar o médico quando as falhas na ereção estão se repetindo mais da metade das vezes, mas é importante que sejam falhas consecutivas”. E salienta: “Se você tem aquelas ereções reflexas durante o sono, ao acordar, com a bexiga cheia, possivelmente seu problema é psicológico e não orgânico”.
Desde que haja consenso entre você e seu parceiro, tudo vale a pena na hora do sexo. Mas não deixe de cuidar bem do seu “amigão”, que é muito mais sensível do que você imagina, principalmente a túnica, uma membrana com menos de 1mm de espessura. “Todo homem deveria ter consciência do cuidado que precisa ter com seu pênis”, diz o Dr. Paulo Egydio. Brinquedinhos e fantasias são sempre bem-vindos quando usados da forma adequada, mas é preciso ficar atento para não se machucar.
O uso do cockring (anel peniano de borracha, couro ou metal), que visa o prolongamento da ereção, pode, segundo o Dr. Fernando Martins, causar dor, diminuição da temperatura do pênis e pequenos sangramentos, diminuindo o prazer da relação sexual. Para o Dr. Paulo Egydio, o anel, se for muito apertado, pode produzir um trauma. “Com o anel, o sangue não se renova, pois ele produz uma constrição na base para segurar a ereção. Então, aquele sangue que deveria se renovar fica ‘desoxigenado’. Além disso, ele não deve permanecer no pênis por mais de meia hora, portanto, cuidado para não dormir com ele”, alerta.
Nas relações anais, o cuidado deve ser redobrado. “Para não causar nenhum trauma, a pessoa só deve penetrar se tiver boa ereção. Se perder a ereção no meio do ato sexual, é melhor parar, pois também ficará vulnerável a traumas”, explica o Dr. Paulo Egydio.
Esses microtraumas da túnica podem ter conseqüências sérias, como as deformações penianas. “É preciso saber que o pênis não é ‘tão de aço’ quanto você pensa”, diz o Dr. Paulo Egydio. Então, querido, cuide bem do seu! Esses traumas podem acontecer em uma relação mais heavy ou em uma masturbação violenta. Você pode se machucar também quando “insiste” numa relação sexual sem que o pênis esteja totalmente ereto, fazendo com que ele “dobre” na hora da penetração. “Como conseqüência, você pode desencadear um processo cicatricial na túnica e a deformação do pênis”, relata o Dr. Paulo Egydio. Então, meu caro, atenção, pois segundo os especialistas, as disfunções eréteis, orgânicas ou psicológicas, podem causar as deformidades penianas adquiridas, gerando a doença de Peyronie (caracterizada por uma curvatura no pênis que aparece durante a ereção e pode atingir até 90 graus, tanto para cima como para baixo ou para o lado, podendo estar associada ou não à dor durante as ereções). Essa doença pode dificultar ou até mesmo impossibilitar o ato sexual.
Prótese Peniana
Finalmente, quando os tratamentos anteriores já foram tentados e não se mostraram eficazes, há a indicação da colocação de próteses penianas. “De um modo geral, são duas hastes de material artificial, em geral silicone sólido, que são colocadas cirurgicamente dentro dos corpos cavernosos do pênis. Podem ser do tipo maleável (em que o pênis fica em estado de semi-ereção mas pode ser ‘dobrado’ para baixo, quando o paciente não está tendo uma relação sexual) ou do tipo inflável (em que o paciente ‘enche’ as hastes da prótese no momento da relação com o uso de uma ‘bomba’ que fica situada debaixo da pele)”, relata o Dr. Fernando Martins.
Agora que você já conhece as causas e tratamentos da disfunção erétil, fique atento a você mesmo e nunca deixe de conversar sobre um eventual problema com seu parceiro. O Dr. Paulo Egydio dá a dica: “Divida o problema com o seu parceiro, pois é mais fácil para nós, urologistas, tratar a pessoa para que ela tenha uma boa ereção do que curar um relacionamento danificado”. Fonte: G Online